Grupo Ilumiara e os Cantos de Trabalho_Release.pdf

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Grupo Ilumiara e os Cantos de Trabalho
Grupo mineiro realiza pesquisa de repertório em cantos de trabalho e turnê de 130
apresentações por todo o Brasil dentro do projeto Sonora Brasil do SESC.
Lançamento do CD em Belo Horizonte será em dezembro.
Cantar e trabalhar são necessidades humanas universais. Em cada tempo e lugar, o
teor da vida indica o entoar de cantigas, danças e batuques que se ligam a gestos e
modos de fazer. Das peculiaridades étnicas, geográficas, históricas e culturais deriva o
universo diversificado dos chamados cantos de trabalho. Inspirado por esse universo,
surge o Grupo Ilumiara, que lança em 2015 seu primeiro disco, totalmente dedicado
aos cantos de trabalho. O Grupo foi convidado pelo SESC Nacional para apresentar
esse repertório de cantos de trabalho dentro do projeto “Sonora Brasil”, realizando 130
concertos em todos os estados do Brasil. A turnê teve início no dia 23 de julho e segue
até o segundo semestre de 2016. Em 2015 as apresentações serão nas regiões Norte,
Nordeste e Centro-oeste. Na segunda fase, em 2016, o grupo percorrerá as regiões
Sul e Sudeste.
Formado por Alexandre Gloor, Carlinhos Ferreira, Leandro César, Letícia Bertelli e
Marcela Bertelli, o Grupo Ilumiara tem seu repertório marcado por cantigas que vem
dos mestres da tradição em Minas Gerais e de fontes sonoras e textuais de diversos
outros pesquisadores como Mário de Andrade e Ayres da Mata Machado.
O disco, que foi gravado e mixado por Bruno Correa e masterizado por Chico Neves,
tem arranjos elaborados pelos músicos Kristoff Silva, Rafael Martini, Felipe José e
Leandro César, que também realizou a produção musical do trabalho. Sérgio Pererê
também é convidado do grupo e canta em faixa especial sobre os
Vissungos,
cantos
tradicionais dos negros da região de Serro e Diamantina.
O Grupo
"Ilumiara" é uma expressão que mescla as palavras “iluminar” à “Iara”, entidade
sagrada dos rios nas culturas Tupi-Guarani. Também contida nos textos de Ariano
Suassuna e no nome de seu “altar” na Pedra do Reino, a palavra expressa nosso
desejo de iluminar, por meio da música e da poesia, a riqueza e a beleza de
repertórios poéticos e musicais a partir da pesquisa e do encontro com as pessoas.
Alexandre Gloor
é licenciado em Educação Artística pela UEMG, onde desenvolve,
desde 1994, intenso trabalho didático como professor de viola e violino e atualmente,
regente da Orquestra de Extensão da UEMG. Dedica-se à pesquisa e interpretação da
Rabeca.
Carlinhos Ferreira
é percussionista, professor, pesquisador de cultura
popular e construtor de instrumentos. Desde 1989 dedica-se ao ensino da percussão e
da construção de instrumentos percussivos, realizando dezenas de oficinas em
festivais, no Brasil e exterior. Como músico, atua principalmente com os violeiros
Chico Lobo e Pereira da Viola.
Leandro César
é violonista, arranjador, compositor e
construtor de instrumentos. Desenvolve um trabalho de construção de novos
instrumentos musicais e trabalha na manutenção e restauração dos instrumentos do
grupo UAKTI.
Letícia Bertelli
é bacharel em canto pela Universidade do Estado de
Minas Gerais – UEMG, pós-graduada em canto – música antiga, pela Staatliche
Hochschule für Musik Trossingen – Alemanha e mestranda em musicologia pela USP,
sob a orientação de Ivan Vilela. Dedica-se ao estudo da Cantoria e à performance
da música histórica, com ênfase para a música medieval, barroca e repertório
brasileiro de tradição oral.
Marcela Bertelli
é antropóloga pela UFMG, estudou música
e dança na Fundação Clóvis Salgado (MG). Pesquisadora na área de música, atua em
documentação, registro e produção de conteúdos em projetos diversos, em
mobilização comunitária, leitura poética e em processos criativos que envolvem
música e antropologia.
Os arranjos e o disco
“Não se trata de imitar os cantadores tradicionais. Nós partimos dos fundamentos
originários da música de tradição e trabalhamos e utilizando vozes e nossa
instrumentação, criamos novas experiências criativas, estéticas e afetivas, a partir do
nosso fazer artístico. Há, por exemplo, a Toada dos Remeiros, cujo arranjo original
para orquestra de cordas, feito por Ernst Widmer, foi utilizado como inspiração para o
Leandro César e o grupo compor novo arranjo utilizando letras das cantigas originais
da pesquisas de Oswaldo de Souza no Rio São Francisco na década de 40. O canto
da tradição está lá, rio abaixo e rio acima, mas nós recriamos a partir da nossa
sensibilidade, nossa leitura no tempo, nossos instrumentos e vozes, aquilo que forma
o Ilumiara.”
Kristoff Silva mescla duas belas cantigas de carregadores de pedras. De Diamantina,
o grupo conheceu um canto utilizado pelos trabalhadores que calçavam as ruas, cujas
pedras de grandes proporções chamadas capistranas fazem evocar a expressão
melancólica e sofrida das vozes. A outra cantiga, coletada das fontes sonoras das
Missões Folclóricas de Mário de Andrade e cuja gravação original consta de Itabaiana
na Paraíba, conduzem ao trabalho ritmado, provavelmente a partir do gesto de tomar a
pedra do companheiro e passar adiante, num movimento quase circular. “No arranjo
elaborado para o grupo, trabalhei com duas ideias, a primeira ligada à cidade de
Diamantina, onde o canto expressa uma espécie de coro sacro, como na obra de uma
catedral, em busca da beleza e da construção do próprio homem. A segunda parte
remete a uma sensação vertiginosa, criada pelo esforço do trabalhador no calor
intenso do sol de Itabaiana.”
Sobre os cantos de trabalho
São muitos os cantos vinculados a ofícios e saberes tradicionais, e entre eles
podemos citar as canções de lavadeiras, quebradeiras de coco, destaladeiras de
fumo, fiandeiras, machadeiros, tropeiros, pregoeiros, dos trabalhadores das antigas
usinas de açúcar, de carregadores de pedras, de remeiros, de vaqueiros, lavadeiras,
pescadores, da fabricação de farinha e doces, dentre tantos outros. Além destes,
podemos lembrar os cantos de mutirão, feitos em torno da organização de um trabalho
que necessita participação comunitária ou força maior para ser realizado, sobretudo
em regiões rurais, como capinar trechos maiores de terra e construir casas.
Há algo nos cantos de trabalho que nos afirma não apenas nossa necessidade de
beleza, mas a solidariedade social necessária à condição de vida. A música, na
verdade, é a expressão do que se sente e precisa ser dito. Pode ser uma crítica ao
peso do trabalho, a beleza da natureza em volta, a crença nos santos protetores, a
saudade da mulher que ficou esperando seu companheiro voltar da lida, a repetição
de um som que aprendemos a vincular a determinados produtos de ambulantes, as
onomatopeias imitando sons de ferramentas, uso de pés e mãos na matéria a ser
transformada.
Sabe-se que muito do que se cantava e tocava foi perdido ou despareceu junto ao
próprio desenvolvimento dos ofícios, pela substituição do trabalho humano pelas
máquinas, a perda de línguas originárias de povos (sobretudo indígena e negra), com
processos de êxodo e migrações, por influências estéticas dos meios de comunicação,
e mesmo por meio de processos de evangelização que dificultam a permanência de
certas tradições.
Ilumiara é
Alexadre Gloor – Rabecas
Carlinhos Ferreira – Percussão
Leandro Cesar – Violão e Marimba
Letícia Bertelli – Voz
Marcela Bertelli – Voz
Na web
https://www.facebook.com/ilumiara
https://soundcloud.com/ilumiara/sets/ilumiara-2015
Agenda
OUTUBRO
07 Fortaleza, CE
08 Sobral, CE
10 Iguatú, CE
11 Crato, CE
13 Juazeiro do Norte, CE
30 Gurupi, TO
31 Palmas, TO
NOVEMBRO
02 Barreiras, BA
04 Vitória da Conquista, BA
05 Jequié, BA
06 Santo Antônio de Jesus, BA
07 Feira de Santana, BA
09 Paulo Afonso, BA
11 Rio Branco, AC
13 Castanhal, PA
14 Belém, PA
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